
Doenças inflamatórias do sistema nervoso central (SNC) são condições que causam inflamação no cérebro, medula espinhal e meninges.
As doenças podem ser causadas por infecções (bacterianas, virais, fúngicas) ou doenças autoimunes.
Há um excesso de doenças inflamatórias do sistema nervoso central, isso significa a importância e complexidade desse sistema.
Sistema nervoso
O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e periférico (SNP).
O sistema nervoso central é composto por cérebro e medula espinhal e já o sistema periférico é formado pelos nervos e terminações nervosas, responsáveis por transmitir os estímulos enviados pelo sistema nervoso central.
Há 31 pares de nervos apenas ligando a medula espinhal ao restante do organismo.
Os nervos podem sofrer traumas, infecções, anomalias congênitas, destruição progressiva das células, alterações nas atividades neuronais e sensoriais.
A depender do tecido afetado, os distúrbios provocam mudanças na consciência, capacidades mentais, coordenação motora, sentidos e padrões de sono.
As principais doenças do sistema nervoso central (SNC) são:
- Meningite
- Encefalite
- Mielite
- Esclerose Múltipla
- Neuromielite Óptica
- Encefalites Autoimunes
- Vasculites do sistema nervoso central
Nesse artigo, abordaremos cada doença, suas causas e como tratar.
Doenças inflamatórias do sistema nervoso central
Meningite
A meningite é uma inflamação da área que envolve o cérebro e a medula espinhal (meninges).
As meninges protegem o cérebro e a medula espinhal de lesões e fornecem suporte e estrutura.
Elas contêm nervos, vasos sanguíneos e fluido protetor.
A meningite pode ser causada por doenças infecciosas como bactérias, vírus, fungos e parasitas, por outro lado, as causas não infecciosas incluem doenças e certos medicamentos.
Os sintomas são rigidez no pescoço, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz (fotofobia) e confusão ou estado mental alterado.
Os principais exames para detectar a doença são: punção lombar, exames de sangue, tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
O tratamento da meningite depende da causa.
Os antibióticos são usados para tratar meningite bacteriana e antifúngicos para tratar meningite fúngica.
Encefalite
A encefalite é a inflamação do cérebro, frequentemente causada por infecção viral, mas também pode ser causada
por bactérias, fungos e reações autoimunes.
Trata-se de uma doença rara.
A encefalite pode ser fatal, independentemente da causa, e pode causar complicações e problemas médicos a longo prazo.
A doença inclui encefalite infecciosa e encefalite autoimune.
Ela é causada por infecções virais, mas também pode resultar de infecções bacterianas, parasitárias ou fúngicas.
Os principais sintomas são: confusão, sonolência, fadiga, dor de cabeça, febre alta, perda de consciência.
O diagnóstico ocorre por meio de exame de sangue, exames de imagem, tomografia computadorizada, ressonância magnética, magnetoencefalografia, punção lombar e exame neurológico.
O tratamento é realizado com medicamentos anti convulsionantes, medicamentos antivirais, corticosteroides
e imunoglobulina.
Mielite
A mielite é uma doença neurológica rara causada pela inflamação da medula espinhal.
A causa ocorre por meio de vírus, bactérias ou produtos químicos tóxicos, bem como lesão.
Os principais sintomas são: sensações anormais, dor, problemas intestinais e da bexiga, problemas musculares e de movimento e disfunção sexual.
O diagnóstico pode ocorrer por meio de exames de sangue e de imagem, mas especificamente a ressonância magnética da coluna, cerebral, punção lombar.
O tratamento é com glicocorticoides intravenosos, terapia de troca plasmática, imunoglobulina intravenosa.
Esclerose Múltipla
A esclerose múltipla é uma doença autoimune que afeta o cérebro e a medula espinhal (sistema nervoso central) e
não tem cura, porém há tratamento.
A doença ataca o sistema imunológico, erroneamente, as células de mielina.
As pesquisas sugerem que a principal causa da ocorrência da esclerose múltipla são: tabagismo, exposição a toxinas, baixos níveis de vitamina D, vírus Epstein-Barr, obesidade na infância e predisposição genética.
Os sintomas mais comuns são: fadiga, tontura, dificuldade com a regulação da bexiga, perda de equilíbrio, coordenação, dificuldade com a função cognitiva (pensamento, memória, concentração, aprendizagem e julgamento), mudanças de humor, rigidez muscular e espasmos musculares.
O diagnóstico ocorre por meio da realização de uma ressonância magnética para localizar eventuais lesões (áreas de dano) no cérebro ou na medula espinhal que indicam esclerose múltipla.
A ressonância magnética pode ser considerada um exame completo, pois será possível verificar se aparecem lesões clinicamente silenciosas, ou seja, lesões que não tem nenhum sintoma.
O tratamento prevê:
- Medicamentos: O uso de corticosteroides pode reduzir a inflamação, pois retardam o dano à bainha de mielina que envolve as células nervosas.
- Reabilitação física: por afetar a mobilidade, a reabilitação física auxilia a fortalecer o corpo.
- Acompanhamento psicológico: A esclerose múltipla pode afetar o humor e a memória, de modo que o apoio emocional é uma parte essencial do controle da doença.
Neuromielite Óptica
A neuromielite óptica é uma doença crônica, rara e que compromete tanto a visão quanto a capacidade de locomoção.
Ela se desenvolve porque o sistema imunológico passa a atacar estruturas saudáveis do próprio corpo, caracterizando uma condição autoimune. Embora ainda não exista cura, os médicos conseguem controlar seus efeitos com tratamento adequado.
Na maioria dos casos, o mau funcionamento do sistema imunológico representa a principal causa. Além disso, outras doenças inflamatórias ou autoimunes podem contribuir para o seu surgimento.
Os sintomas mais comuns incluem dor nos olhos, visão turva, perda parcial da visão, cegueira e dificuldade para enxergar em ambientes com pouca luz.
Para confirmar o diagnóstico, os profissionais de saúde realizam uma combinação de exames. Entre eles, destacam-se o exame de sangue, a ressonância magnética, a avaliação física detalhada e a análise do histórico médico e pessoal do paciente.
Como a doença tem origem autoimune, o tratamento se concentra principalmente no controle da inflamação. Por isso, os médicos costumam indicar corticosteroides logo nas fases iniciais.
Além disso, dependendo da gravidade e da resposta do organismo, podem recomendar a realização de plasmaférese para remover os anticorpos nocivos do sangue. Imunossupressores e imunomoduladores também entram no protocolo para prevenir novos surtos.
Dessa forma, mesmo sem cura, o tratamento adequado pode oferecer mais qualidade de vida e reduzir a progressão da doença.
Encefalite autoimune
A encefalite autoimune provoca inflamação no cérebro.
Ela acontece porque o sistema imunológico, por engano, ataca proteínas saudáveis das células nervosas e dos neurotransmissores. Como consequência, surgem sintomas como perda de memória, convulsões e episódios de psicose.
Geralmente, o organismo desenvolve anticorpos contra proteínas específicas localizadas na superfície ou no interior das células nervosas. Esses anticorpos, por sua vez, bloqueiam proteínas essenciais e desencadeiam o processo inflamatório.
Além disso, como os sintomas se assemelham aos de outras doenças neurológicas, os médicos podem demorar para chegar a um diagnóstico preciso.
Para identificar a encefalite autoimune, os profissionais de saúde recorrem a uma série de exames. Entre os mais comuns estão: avaliação neurológica, testes cognitivos, exames de sangue, ressonância magnética do cérebro, punção lombar para análise do líquor (líquido cefalorraquidiano) e eletroencefalograma.
O tratamento, geralmente, combina imunossupressão e a remoção de um eventual tumor.
Além disso, os médicos costumam prescrever corticosteroides, imunoglobulinas intravenosas e realizar plasmaférese — todos com o objetivo de reduzir a inflamação cerebral e controlar a resposta imunológica.
Portanto, agir com rapidez diante dos primeiros sintomas é essencial para preservar as funções cerebrais e melhorar o prognóstico do paciente.
Vasculite do sistema nervoso central
A vasculite do sistema nervoso central inflama os vasos sanguíneos que levam sangue ao cérebro e à medula espinhal.
Essa doença autoimune, em muitos casos, se desenvolve sem uma causa específica. No entanto, em diversas situações, outras condições podem desencadeá-la. Por exemplo, doenças como lúpus, síndrome de Sjögren, infecções virais (como o vírus Epstein-Barr) e infecções bacterianas (como tuberculose e sífilis) frequentemente contribuem para o surgimento da vasculite.
Além disso, os sintomas se manifestam de forma variada e incluem dores de cabeça intensas e prolongadas, confusão mental, formigamento, dormência ou alterações na sensibilidade ao tato, sensação de fraqueza, visão turva e, em alguns casos, convulsões.
Para confirmar o diagnóstico, os médicos solicitam exames como ressonância magnética, tomografia computadorizada, angiograma e, quando necessário, biópsia.
O tratamento, por sua vez, combina principalmente o uso de corticosteroides e imunossupressores. Essa abordagem visa controlar a inflamação e minimizar os danos neurológicos.
Portanto, reconhecer os sinais precocemente e iniciar o tratamento adequado pode fazer toda a diferença na qualidade de vida do paciente.
Considerações finais sobre doenças inflamatórias do sistema nervoso central
As doenças inflamatórias do sistema nervoso central causam inflamação no cérebro, medula espinhal e meninges.
A grande maioria das doenças são autoimunes, ou seja, mau funcionamento do sistema imunológico.
Por isso, embora essas doenças não tenham cura, é possível tratá-las com o objetivo de reduzir a inflamação.
O tratamento, geralmente, envolve o uso de medicamentos biológicos — produzidos a partir de células vivas, como micro-organismos e plantas — que atuam diretamente no controle do processo inflamatório.
Além disso, é essencial destacar que o diagnóstico das doenças do sistema nervoso central costuma demorar, já que, muitas vezes, os sintomas se confundem com os de outras condições.
Ainda que sejam doenças incuráveis, existe tratamento, e vale lembrar que nenhum sintoma aparece de forma isolada.
Dessa forma, sinais como dores de cabeça, confusão mental e fraqueza muscular podem indicar doenças inflamatórias no sistema nervoso central. Por isso, é fundamental investigar qualquer alteração o quanto antes.