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Você já ouviu falar em galactocele? - Blog - Clínica Rossetti


Agosto é conhecido como Agosto Dourado, o mês dedicado à valorização e à conscientização sobre a importância do aleitamento materno.

A cor dourada simboliza o padrão ouro da amamentação para a saúde e o desenvolvimento infantil. Durante esse período, campanhas em todo o mundo reforçam não apenas os benefícios do leite materno, mas também a necessidade de apoio às mães em sua jornada.

Além disso, é fundamental esclarecer que, mesmo em um ato tão natural, podem surgir alterações mamárias que exigem atenção.

Entre elas está a galactocele, um cisto benigno que, embora não seja grave, pode gerar dúvidas e preocupações.

Por isso, compreender seus sinais, diagnóstico e manejo é essencial para garantir bem-estar e tranquilidade.

Entendendo a galactocele

A galactocele é causada por qualquer tipo de bloqueio nos ductos mamários durante ou logo após a interrupção da lactação.

Ela também é conhecida como lactoceles, são lesões mamárias benignas comumente observadas em mulheres jovens lactantes.

É muito comum ocorrer após o término da lactação, quando o leite pode ficar retido, causando bloqueio dos ductos.

A galactocele se forma na região subareolar das mamas.

O aumento dos níveis de estrogênio e progesterona durante a gravidez e a lactação contribui para a obstrução dos ductos lactíferos, levando à formação de galactocele.

Principais causas

O bloqueio dos ductos mamários que origina a galactocele pode ser provocado por fatores como dificuldades na amamentação, redução na frequência de aleitamento, traumas na região mamária ou alterações anatômicas, como mamilo invertido.

Por essa razão, essa obstrução leva ao acúmulo de leite dentro das unidades lobulares dos ductos terminais, formando um cisto.

Com o tempo, o cisto pode evoluir para uma forma mais densa, com a formação de cristais no interior.

Composição da galactocele

A galactocele parece um cisto comum, mas contêm leite em vez de apenas líquido transparente.

Embora possa ser desconfortável, não é perigoso.

A aspiração percutânea é realizada para diagnosticar a lesão.

O material aspirado do cisto é submetido a análises bioquímicas, que revelam quantidades variáveis de proteínas, lactose e gordura.

Se o leite for fresco, apresenta a viscosidade normal, mas se for mais antigo, frequentemente parece mais espesso.

Identificação

Para saber se um nódulo na mama é uma galactocele o autoexame é fundamental.

Sendo assim, deve apresentar:

  • O caroço não muda de tamanho após a amamentação
  • Não tem febre
  • Não tem manchas vermelhas na pele dos seios
  • Ausência de mal-estar
  • Sem dor

Fatores de risco da galactocele

A galactocele é a lesão benigna mais comum diagnosticada em mulheres lactantes, sendo frequentemente identificada no período pós-lactação.

Ela ocorre mais em pacientes com condições benignas da mama, é estimada em cerca de 4% em ambientes não hospitalares.

Diante disso, a condição pode ser subdiagnosticada, pois é assintomática e a cura ocorre de forma espontânea.

Como fator de risco a dificuldade na amamentação, como má técnica de pega ou uso exclusivo de fórmulas infantis que levam ao esvaziamento incompleto dos ductos.

As alterações anatômicas, como mamilos invertidos, fissuras no mamilo ou fenda palatina no recém-nascido, também podem contribuir.

Também é um fator de risco traumas na mama, intervenções cirúrgicas e uso de medicamentos galactagogos, como domperidona, são outros fatores.

Sintomas da galactocele

A galactocele é assintomática e somente é diagnosticada por meio da avaliação médica ou durante um autoexame.

Quando aparecem eles podem ser:

  • Massa mamária palpável: localizada na região retroareolar, a galactocele costuma ter consistência firme, formato arredondado ou ovalado e limites bem definidos.
  • Ausência de dor: a maioria da galactocele não causa dor, a menos que tenha infecção.
  • Alterações no tamanho da lesão: galactocele pode variar de pequenas dimensões até massas maiores.
  • Desconforto leve: pode haver sensação de peso ou tensão na mama afetada.

Características nos exames de imagem

Na mamografia, uma galactocele tem várias aparências, dependendo da quantidade de proteína e gordura e da consistência do fluido.

O alto teor de gordura faz com que a massa fique radiolúcida.

Em uma galactocele mais antiga, o leite não se separa mais em sólidos lácteos e água.

Em gestantes, geralmente realiza ultrassonografia e não  mamografia.

Na ultrassonografia mamária a aparência do cisto pode variar e geralmente aparecem como pequenos nódulos arredondados.

Em regra, apresentam margens bem definidas com paredes finas, mas raramente podem apresentar margens indistintas.

A ressonância magnética é raramente necessária, e seu uso ocorre em casos com características atípicas ou em pacientes de alto risco.

A função da ressonância magnética identifica níveis de gordura-líquido e características específicas do conteúdo cístico.

Complicações da galactocele

A maioria da galactocele é benigna e se resolve espontaneamente com a redução da atividade hormonal associada à lactação.

O tratamento com aspiração ou drenagem, os sintomas desaparecem e a amamentação pode continuar.

Mesmo que sejam benignas, elas podem apresentar complicações, que são elas:

Infecção: o conteúdo rico do cisto pode favorecer a proliferação bacteriana, resultando em mastite ou formação de abscesso.

Fístula de leite: pode surgir após aspiração ou drenagem inadequada, com vazamento de leite para tecidos próximos.

Recorrência: galactocele pode reaparecer se a obstrução ductal não for resolvida ou se houver novos episódios de lactação.

Cristalização: em alguns casos o leite retido pode se solidificar, sendo difícil o tratamento convencional, sendo necessária a intervenção cirúrgica.

Tratamento

Geralmente, a galactocele desaparece espontaneamente, à medida que as alterações hormonais relacionadas à lactação diminui.

São poucos os pacientes que apresentam massas residuais semelhantes a um carcinoma.

Por outro lado, quando não desaparecem espontaneamente, as opções de tratamento são:

Aspiração e drenagem: em lesões sintomáticas a aspiração por agulha fina ocorre tanto para o diagnóstico quanto para alívio dos sintomas. Outra opção, é a drenagem por cateter, essa opção é a melhor, pois evita risco de infecção.

Medicamentos: No caso de infecção, além da drenagem da lesão e recomendado o uso de antibióticos, como cefalexina ou flucloxacilina.

Cirurgia: A cirurgia é uma das últimas opções e utilizada apenas um último caso. Esse procedimento ocorre quando a galactocele não responde à aspiração ou lesões com abscesso.
Nessa galactocele, quando há material mais denso e calcificado, a intervenção cirúrgica é a opção para a
resolução definitiva.

Considerações finais

Em suma, a galactocele é um acúmulo de gordura do leite materno causando cistos muitas vezes assintomáticos.

Pode variar de tamanho e aparecer em qualquer área da mama.

O desenvolvimento ocorre durante a gravidez, a amamentação ou no desmame.

As flutuações hormonais durante esse período podem levar ao desenvolvimento de galactocele.

Embora não seja muito conhecida, a galactocele é uma condição benigna mais comum durante a lactação.

No entanto, existem casos de complicações como, por exemplo, infecção bacteriana, fístula e a cristalização.

O tratamento é por meio da drenagem, em outros casos o uso de medicamentos e raramente a intervenção cirúrgica
pode ocorrer.

A cristalização é a solidificação e a única maneira é realizar a cirurgia.

O diagnóstico é uma combinação de avaliação clínica, mamografia e, às vezes, ultrassom ou outras modalidades de imagem.

Desse modo, o diagnóstico preciso da galactocele é importante para diferenciá-la de outras lesões mamárias, incluindo tumores malignos.



Por: Kelma Yaly - 15 de agosto de 2025
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